domingo, 27 de maio de 2012

Itinerários de visita de Tiago Amaral


Rapapé e Bafafá, personagens de meu livro "A casa da reinação", embarcaram no TREM das 10 e fizeram a maior festa com as crianças da rede pública de ensino de Maceió. Foram cindo escolas visitadas e muitas surpresas compartilhadas durante os encontros que apresentaram a caixa de leitura em forma de “trem”, com seus dez livros de dez autores, a ser entregue a cada uma. 

Minha rota teve início na Escola Silvestre Péricles, localizada no Pontal da Barra, no dia 26 de março. No encontro com seus alunos, falei sobre a importância do “trio” formado por “escritor-livro-leitor” para fortalecer o hábito da leitura que deve nascer da necessidade de cada um em buscar conhecer mais sobre histórias e temas que de fato lhe interessem. Em dois momentos da conversa com estudantes do 6º e 7º anos, expus que o contato com o escritor é fundamental para desfazer a ideia de que o livro é algo distante. “O livro é apenas um instrumento para descobrirmos o que muitas vezes já está em nós, como uma curiosidade sobre determinado assunto ou uma afinidade em relação a algum tema. Às vezes somos obrigados a ler aquilo que não nos desperta paixão, mas quando embarcamos num livro que nos toca fundo é aí que a semente da leitura pode germinar”.

Em 29 de março, cheguei à Escola Monsenhor Luiz Barbosa, no bairro do Prado. Num espaço aconchegante, cuidado por profissionais dedicados e entusiasmados, fui apresentado aos alunos do 1º ano. Para eles, contei a história de “A casa da reinação”, entre brincadeiras com os bonecos-personagens e momento para um bate-papo no qual falei sobre como eu via o encontro entre quem escreve e quem lê: “Toda criança é um passarinho no ninho, à espera de algo que o alimente, arregalando olhos e aguçando ouvidos para o mundo. Quando conto histórias, sinto que posso saciar um pouco essa fome de tudo”.

A Escola Nossa Senhora da Guia, situada no Trapiche, foi visitada no dia 03 de abril. Cheguei um pouco antes da hora da merenda e aguardei as crianças lancharem para então iniciar a contação. Quando comecei, todas estavam tranquilas e atentas, tão comportadas que resolvi lhes contar mais uma história. Bastante participativos, os alunos do 2º ano me perguntaram por que eu gostava de escrever livros e lhes respondi que isso era uma necessidade para mim, como quando temos fome e precisamos comer. Assim, fazendo uma ponte com a importância que a hora da merenda tinha para as crianças, eu disse: “Quando a gente tem fome de comida, a barriga ronca. Mas existe outra fome que a gente só sente se souber ouvir a curiosidade. É a fome de uma comida diferente, chamada conhecimento”.
A quarta parada em meu roteiro foi a Escola Tereza de Jesus, no Prado, em 10 de abril. Os alunos do 2º ano não sossegaram até conhecerem de perto os bonecos Bafafá e Rapapé de “A casa da reinação”. Após a contação, conversei sobre a magia presente no olhar dos irmãos Tito e Lina, personagens do livro, perguntando às crianças quais eram seus brinquedos favoritos e por quê. De repente, uma menina me devolveu a questão e eu respondi: “O livro!”. Todos riram estranhando minha escolha e eu expliquei: “O livro é o melhor brinquedo do mundo porque com ele eu posso, além de brincar, descobrir, viajar, sonhar, e tudo isso sem sair do lugar. Isso é mágica ou não é?”.

Chegando ao fim do percurso, no bairro da Levada, a Escola Ranilson França me recebeu no dia 19 de abril. Tendo como fundo sua biblioteca cheia de brinquedos produzidos pelos alunos, contei “A casa da reinação” para crianças de várias séries. Cada um que apontasse um detalhe diferente do que mais tinha lhe chamado a atenção na história. Os menores se divertiram com os bonecos, enquanto os maiores levantavam os dedos querendo expressar o que tinham entendido com os acontecimentos narrados. Foi aí que lhes mostrei como uma única história pode ganhar interpretações diversas. “É assim que a gente exercita a mente. Era uma vez que nada! São muitas vezes que aprendemos quanto mais livros lemos”.





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