Rapapé e
Bafafá, personagens de meu livro "A casa da reinação", embarcaram no
TREM das 10 e fizeram a maior festa com as crianças da rede pública de ensino
de Maceió. Foram cindo escolas visitadas e muitas surpresas compartilhadas
durante os encontros que apresentaram a caixa de leitura em forma de “trem”, com
seus dez livros de dez autores, a ser entregue a cada uma.
Minha rota
teve início na Escola Silvestre Péricles, localizada no Pontal da Barra, no dia
26 de março. No encontro com seus alunos, falei sobre a importância do “trio”
formado por “escritor-livro-leitor” para fortalecer o hábito da leitura que
deve nascer da necessidade de cada um em buscar conhecer mais sobre histórias e
temas que de fato lhe interessem. Em dois momentos da conversa com estudantes
do 6º e 7º anos, expus que o contato com o escritor é fundamental para desfazer
a ideia de que o livro é algo distante. “O livro é apenas um instrumento para
descobrirmos o que muitas vezes já está em nós, como uma curiosidade sobre
determinado assunto ou uma afinidade em relação a algum tema. Às vezes somos
obrigados a ler aquilo que não nos desperta paixão, mas quando embarcamos num
livro que nos toca fundo é aí que a semente da leitura pode germinar”.
Em 29 de março,
cheguei à Escola Monsenhor Luiz Barbosa, no bairro do Prado. Num espaço
aconchegante, cuidado por profissionais dedicados e entusiasmados, fui
apresentado aos alunos do 1º ano. Para eles, contei a história de “A casa da
reinação”, entre brincadeiras com os bonecos-personagens e momento para um
bate-papo no qual falei sobre como eu via o encontro entre quem escreve e quem
lê: “Toda criança é um passarinho no ninho, à espera de algo que o alimente,
arregalando olhos e aguçando ouvidos para o mundo. Quando conto histórias,
sinto que posso saciar um pouco essa fome de tudo”.
A Escola Nossa
Senhora da Guia, situada no Trapiche, foi visitada no dia 03 de abril. Cheguei
um pouco antes da hora da merenda e aguardei as crianças lancharem para então
iniciar a contação. Quando comecei, todas estavam tranquilas e atentas, tão
comportadas que resolvi lhes contar mais uma história. Bastante participativos,
os alunos do 2º ano me perguntaram por que eu gostava de escrever livros e lhes
respondi que isso era uma necessidade para mim, como quando temos fome e
precisamos comer. Assim, fazendo uma ponte com a importância que a hora da
merenda tinha para as crianças, eu disse: “Quando a gente tem fome de comida, a
barriga ronca. Mas existe outra fome que a gente só sente se souber ouvir a
curiosidade. É a fome de uma comida diferente, chamada conhecimento”.
A quarta
parada em meu roteiro foi a Escola Tereza de Jesus, no Prado, em 10 de abril.
Os alunos do 2º ano não sossegaram até conhecerem de perto os bonecos Bafafá e
Rapapé de “A casa da reinação”. Após a contação, conversei sobre a magia
presente no olhar dos irmãos Tito e Lina, personagens do livro, perguntando às
crianças quais eram seus brinquedos favoritos e por quê. De repente, uma menina
me devolveu a questão e eu respondi: “O livro!”. Todos riram estranhando minha
escolha e eu expliquei: “O livro é o melhor brinquedo do mundo porque com ele
eu posso, além de brincar, descobrir, viajar, sonhar, e tudo isso sem sair do
lugar. Isso é mágica ou não é?”.
Chegando ao
fim do percurso, no bairro da Levada, a Escola Ranilson França me recebeu no
dia 19 de abril. Tendo como fundo sua biblioteca cheia de brinquedos produzidos
pelos alunos, contei “A casa da reinação” para crianças de várias séries. Cada
um que apontasse um detalhe diferente do que mais tinha lhe chamado a atenção
na história. Os menores se divertiram com os bonecos, enquanto os maiores
levantavam os dedos querendo expressar o que tinham entendido com os
acontecimentos narrados. Foi aí que lhes mostrei como uma única história pode
ganhar interpretações diversas. “É assim que a gente exercita a mente. Era uma
vez que nada! São muitas vezes que aprendemos quanto mais livros lemos”.
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